Texto de Formação 02:
O Capitalismo (superestrutura)
ANT
Associação Nacional dos Trabalhadores
A palavra capitalismo também pode ser compreendida como o
conjunto das relações sociais que caracterizam a sociedade moderna, ou seja,
como sociedade capitalista. No modo de produção capitalista, as duas classes
sociais fundamentais saão constituídas (burguesia e proletariado) e nas demais relações
sociais, nos modos de produção subordinados, formas sociais de reprodução do
capitalismo, temos outras classes sociais. Para compreender a sociedade
moderna, é fundamental comprrender o modo de produção capitalista, do qual o
texto anterior abordou de forma muito introdutória e breve. Pressupondo a
leitura do texto de formação 01, destacamos agora a análise da sociedade
capitalista.
A sociedade capitalista é constituída pelo modo de produção
capitalista, pelas relações de distribuição (parte do modo de produção, mas que
ocorre no espaço da circulação das mercadorias) pelos modos de produção
subordinados e pelas formas sociais de regularização das relações sociais (Estado,
cultura, direito, instituições, etc.). Os modos de produção subordinados são
formas não-capitalistas de produção, como o modo de produção camponês, artesão,
cooperativo, etc. Eles constituem outras classes sociais, como a do camponeses,
artesãos, cooperados. As formas sociais (também chamadas de “superestrutura”)
já não são formas de produção material e sim relações de reprodução, no plano
do Estado, cultura (em suas múltiplas manifestações), direito, instituições,
etc. e constituem novas classes sociais, como burocratas, intelectuais,
subalternos, entre outros. Além disso, existem aqueles que estão na margem da
divisão social do trabalho, como os desempregados, subempregados, mendigos,
etc. formando a classe lumpemproletária.
O modo de produção capitalista transforma todos os bens
materiais em mercadorias e mercantiliza toda a sociedade. Tudo para a ser
comprado e vendido, incluindo a cultura, a política, a tecnologia, o direito,
etc. Da mesma forma, tudo é burocratizado e passa a ser dirigido por uma classe
burocrática. Isso cria um mundo competitivo, onde quase todos querem poder e
riqueza. Assim, a sociedade capitalista é constituída por uma ampla divisão
social do trabalho (esses modos de produção, formas sociais, são expressões de
tal divisão). Cada instância de atividade especializada e fixa da sociedade
estabelecida pela divisão social do trabalho visa reproduzir o as relações de
produção capitalista. O aparato estatal e todas as burocracias visam manter o
controle social, sendo que o direito e os regimentos compõem outra instância que
objetiva, ao lado da produção cultural em geral, a legitimação, justificação e conquista
de adesão para a sociedade capitalista, através de ideologias, valores, leis,
arte, etc.
Esse processo é perpassado pelo modo de produção
capitalista, através da mercantilização, burocratização e competição social,
sendo que, como no capitalismo tudo é mercantilizado, tais instâncias
necessitam de dinheiro para existir e agir. Assim, em tais formas sociais, se
constituem classes sociais assalariadas improdutivas. A renda dessas classes
improdutivas é oriunda, principalmente, do mais-valor global. A produção do
mais-valor ocorre nas unidades de produção (fábricas, minas, empresas
agrícolas, construção civil), mas sua realização ocorre no mercado, ou seja,
nas relações de distribuição capitalistas. Ou seja, somente quando a mercadoria
é vendida no mercado é que o mais-valor se realiza, é quando o capitalista se
apropria, efetivamente, do mais-valor.
O Estado drena parte do mais-valor global e a utiliza para
sua própria reprodução (os gastos estatais com sua imensa burocracia, suas
instituições) e reprodução do capitalismo (políticas estatais, infraestrutura,
etc.), contratando um conjunto enorme de pessoas (burocratas, intelectuais,
subalternos, etc.) e através do controle social, produção cultural e repressão,
objetivando a reprodução do capitalismo e o impedimento da transformação
social. O Estado visa impedir crises financeiras, queda da taxa de lucro e
outros elementos prejudiciais ao desenvolvimento capitalista.
A sociedade civil é submetida à hegemonia burguesa. A fonte
dessa hegemonia está no poder financeiro da burguesia, no aparato estatal, e nas
duas classes auxiliares da burguesia: a burocracia (voltada para o controle
social) e a intelectualidade (voltada para a produção cultural). Nesse sentido,
as ideias dominantes são as ideias da classe dominante. Uma sociabilidade
capitalista comandada pela burocratização, mercantilização e competição social
passa a dominar e, ao lado da hegemonia burguesa, promove a existência de uma
mentalidade burguesa, que introjeta tal sociabilidade e a reproduz e reforça.
Em síntese, é possível dizer que as formas sociais
(“superestrutura”) derivadas do modo de produção capitalista, são relações de
reprodução deste, criando as condições para a manutenção da dominação burguesa
no processo de produção e continuidade da extração de mais-valor, da
exploração. No entanto, não existe apenas dominação e reprodução, existe
resistência e luta, o que será abordado no próximo texto.
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