COMUNICADO DA ANT 01: A CRISE DO GOVERNO DILMA E OS INTERESSES DOS TRABALHADORES

COMUNICADO DA ANT 01:

A CRISE DO GOVERNO DILMA E OS INTERESSES DOS TRABALHADORES

O governo Dilma vai cair? Essa é uma pergunta que circula em todo o Brasil e inquieta o cenário político institucional e parcelas da sociedade civil. Os partidos oposicionistas, os oligopólios dos meios de comunicação e grupos elitizados da sociedade civil pressionam pela queda do governo que vem aplicando ponto por ponto as políticas que estes mesmos grupos defendem: menor intervenção do Estado em políticas sociais substituindo por políticas voltadas exclusivamente para o livre mercado, ou seja, o Estado deve financiar basicamente empreendimentos individuais de enriquecimento.

O governo da Dilma aplica uma política nefasta para os trabalhadores: reduzindo o poder de compra do salário-mínimo; o governo Dilma coloca em prática um amplo quadro de cortes nas políticas sociais de saúde, educação, moradia e etc; o governo Dilma está preocupado em aperfeiçoar os instrumentos de repressão com a nova lei anti-terrorismo que vai dar base legal para prender manifestantes que fecham uma rua para justamente se manifestarem legitimamente; o governo retém o dinheiro dos trabalhadores para abrir novas linhas de créditos para recuperar empresas e indústrias que estão vendendo menos e para apoiar ainda mais a produção agropecuária que lança no mercado internacional os produtos que faltam à mesa do trabalhador brasileiro, tudo isto em meio ao ajuste fiscal que joga as contas do Estado e os riscos da atividade capitalista sobre os trabalhadores. Nessa situação, a pergunta fundamental para expressar os interesses dos trabalhadores é outra, muito diferente com a que aqui começamos. Irão conseguir os trabalhadores reverter os ataques monetários ao salário e às condições de vida?

Diante do cenário de ataque generalizado dos capitalistas e dos seus representantes no Estado, somente a auto-organização dos trabalhadores conseguirá enfrentar o dramático quadro social que se forma para romper mais uma costela da classe que carrega o mundo nas costas. Para contribuir com a estratégia de enfrentamento a Associação Nacional dos Trabalhadores surge para impulsionar a auto-organização proletária e lutar para barrar os ataques do governo que pioram as condições de vida da população trabalhadora. A nós não interessa a falsa questão do impeachment ou a troca de governos, exigimos benefícios para os trabalhadores e através dessa luta organizar para a transformação social. A ANT surge para contribuir com o enfrentamento contra os algozes que massacram as classes trabalhadoras. Nossos corpos e nossas vidas já não aguentam mais o receituário neoliberal enquanto morremos insossamente.


A auto-organização dos trabalhadores como alternativa para barrar os ataques significa a rejeição de todas as organizações burocráticas, quer sejam batizadas de partidos, sindicatos ou ONGs. A auto-organização recusa a divisão entre dirigentes e dirigidos e baseia-se na ação direta das classes trabalhadoras que rejeitam a ação dentro do parlamento (Congresso Nacional) e das instituições do Estado como forma de conquistar reivindicações imediatas que melhoram as condições de vida. A alternativa é a ação direta e organizada através da organização por local de trabalho, de moradia, de estudos, enfim, devemos nos organizar onde vivemos e expulsar os burocratas e capitalistas. Contra os cortes nos investimentos públicos e o ajuste fiscal o enfrentamento que devemos fazer é para valorizar o salário mínimo, com aumento de 50% no seu atual valor e redução da jornada de trabalho como forma de acabar com o desemprego e para que todos tenham condições mínimas de vida. Devemos aproveitar a fragilidade do governo para barrar o ajuste fiscal e os cortes nos gastos públicos, e o instrumento de luta é a auto-organização dos trabalhadores.

6 comentários:

  1. Achamos que a gente personaliza muito o governo, destacando Lula ou Dilma, ou qualquer outro "gerente" do sistema capitalista brasileiro. Sabe-se, com certeza, que o atual governo é uma aliança compactuada entre PT/PCdoB/PMDB e mais outros partidos conservadores, visando uma "tal" governabilidade para o necessário gerenciamento. É um governo de centro-direita! Portanto, gostaríamos de saber se a ANT (Associação Nacional dos Trabalhadores) é de fato um organismo próprio, autônomo e independente, de caráter anticapitalista. Se for mesmo, é preciso deixar claro para todos (as) o lema: "Fora com o Capitalismo"!

    ResponderExcluir
  2. Antônio, para conhecer a ANT sugerimos que leia acima seção "quem somos", bem como nosso Manifesto. Além disso, o texto deixa claro a posição anticapitalista e autogestionária. abs.

    ResponderExcluir
  3. Estive a ler o site... acho interessante a construção de instrumentos de luta contra-hegemônicos com fundamento proletário. Onde saber mais sobre o q tens chamado de hegemonia proletária? Por outro lado fico com inquietações qto a recusa em endossar a luta por conquistas de reivindicações mais imediatas q melhorem a vida da classe trabalhadora. Se isso passa ou não por colocar-se contra-no-e-mais-alem do estado penso q enquanto trabalhadores não devemos abrir mão da luta por essas melhorias. Ainda me inquieto com a questão que se refere a luta de classes mesmo: quando colocam a questão dos assalariados e da mais valia... noto a intenção em evitar um certo operareismo, seria mesmo isso... lutar pela classe, trabalhadores ombro a ombro, sem destacar pontas de lança de modo a privilegiar determinadas lutas no campo das lutas sociais? Fora essas inquietações com questões que sei q são pontuais e polêmicas mesmo no seio das lutas dos trabalhadores e das quais gostaria mesmo de saber como se posicionam... gostaria de deixar saudações de luta aos companheiros. No mais abaixo também as associações pois muitas são também burocráticas.

    ResponderExcluir
  4. Vilhãns, agradecemos seu comentário e incentivo. Em breve estaremos disponibilizando um texto sobre hegemonia proletária. Se ler o item "Quem somos?" verá que também apoiamos as lutas reivindicativas mais imediatas, além de outras que são mais radicais e as que expressam diretamente a luta pela autoemancipação dos trabalhadores. Veja item 03 e 06 da parte referente às ações para o momento presente. A nossa concepção não é obreirista mas é de classe, proletária, pois sem o proletariado não há revolução e transformação, e o projeto autogestionário, que é proletário, sendo encampado por todos os outras classes desprivilegiadas e por indivíduos das demais classes, significa a hegemonia proletária e nesse campo não existem hierarquias. Sobre as associações, este é um conceito amplo, que engloba diversas formas de organização (o Estado, para Marx, é uma associação da classe dominante para fazer valer seus interesses, entre outros exemplos), inclusive burocráticas, mas as associações burocráticas são burguesas. A ANT é uma associação dos trabalhadores revolucionários e autogestionários e, por isso, não é burocrática. Mas, devido ao fato de existirem associações burocráticas e associação não-burocráticas, não cabe a palavra de ordem "abaixo as associações", tal como cabe no caso de estado, partidos e sindicatos, que são burocráticos por natureza.

    ResponderExcluir
  5. existe um dito ; toda oposicao torna se situacao , parece ate´maldicao !!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, no caso, quando a "oposição" almeja o mesmo que a "situação", então é apenas um troca de quem estará na situação. E é por isso que não se trata de tomar o poder estatal (seja participando de eleições, seja via luta armada) e sim abolir o Estado, com sua "situação" e sua "oposição".

      Excluir